Resumo Executivo

Mensuramos a popularidade digital de ministros e ministras do Governo Federal entre o início de janeiro de 2019 e 19 de março de 2020. Os Ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Augusto Heleno (Segurança Institucional) aparecem praticamente empatados como os mais populares nas redes sociais no período mais recente. Tereza Cristina, da Agricultura, teve aumento de cerca de 50% em sua influência digital no mesmo período. O maior destaque em março, entretanto, é o desempenho do Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, no Twitter, onde viu seu número de seguidores praticamente duplicar. Damares Alves (Família), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) encolheram suas popularidades digitais.

Ranking

A nota no Índice de Popularidade Digital (IPD) de março de 2020 para os(as) 11 ministros(as) que avaliamos segue nas tabelas abaixo (para saber mais sobre a metodologia que utilizamos, clique aqui. Com nota de 60 (em uma escala que vai de 0 a 100, onde 100 indica o máximo de popularidade digital possível), Tarcísio de Freitas e Augusto Heleno dividem a primeira colocação no ranking do IPD da Quaest. Na sequência, a Ministra Damares Alves aparece isolada na terceira posição, seguida de Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Por fim, Tereza Cristina (Agricultura) ultrapassou neste mês nomes como Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Ricardo Salles (Meio Ambiente), que já figuraram no topo do IPD em meses anteriores.



Cabe notar que, mesmo tendo seu nome em evidência com a expansão do coronavírus no país, o Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, aparece apenas em oitavo no IPD da Quaest. Isso, no entanto, é explicado pelo pouco uso que o Ministro faz de suas páginas no Facebook e Instagram, redes nas quais alguns de seus colegas de gabinete despontam. Adiante, analisamos apenas o Twitter, rede na qual o Ministro é ativo, para examinar seu desempenho recente.

Tendências

Conforme pode ser visto no gráfico a seguir, que reporta as notas mensais de alguns ministros no IPD, no topo o principal destaque é a evolução da popularidade de Augusto Heleno. Tendo iniciado o ano de 2019 praticamente sem influência nas redes sociais na comparação com seus colegas de gabinete, Heleno mais do que dobrou sua popularidade e, de alguns meses para cá, aparece regularmente na primeira colocação do IPD. Em particular, Heleno mantém atividade constante nas redes sociais que analisamos, e frequentemente produz conteúdos polêmicos que geram altas taxas de engajamento. Tarcísio de Freitas oscilou no período, assim como Damares Alves. Henrique Mandetta, em amarelo, aparece com desempenho baixo em todo o período analisado – novamente, isso é decorrência direta da sua relativa ausência no Facebook e no Instagram.



Outras trajetórias que merecem destaque são as de Marcos Pontes, Tereza Cristina e Onyx Lorenzoni. Em particular, este último apresenta uma tendência de queda de popularidade digital que ocorre paralelamente ao esvaziamento de suas funções no Governo, conforme noticiado por vários veículos da imprensa ao londo de 2019. Cristina e Pontes, por outro lado, mantêm desempenhos relativamente estáveis.



Dimensões

A tabela abaixo mostra o quanto cada um(a) dos(as) ministros(as) que analisamos melhorou ou piorou em quatro dimensões que compõem o IPD. Entre os principais destaques, é possível ver que Henrique Mandetta aumentou em 7% sua fama, dimensão que indica o tamanho das redes de seguidores mantidas por cada figura analisada. Mais importante, mudanças na fama são normalmente lentas, o que reforça o quão positivo foi o desempenho de Mandetta nos últimos dias de março. Também vale destacar as perdas de engajamento de Damares Alves e de Ricardo Salles, que indicam que ambos perderam capacidade de produzir reações a partir de seus conteúdos no período mais recente.


Desempenhos no Twitter

Considerando apenas o Twitter, rede na qual parte do gabinete de Bolsonaro é mais ativa, o crescimento de Mandetta é evidente. Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, que exibe o número de seguidores por mês de alguns ministros, Mandetta teve um salto expressivo no tamanho de sua rede, mais do que qualquer um de seus colegas no mesmo período.



Em termos absolutos, Mandetta ganhou mais de 60 mil seguidores em um período de menos de um mês, conforme pode ser visto na tabela abaixo. Diferentemente de outros nomes como Heleno e Damares, entretanto, o Ministro da Saúde partiu de uma rede bem menor de seguidores no início do período. Isso apenas confirma a centralidade que Mandetta tem tido dentro do governo após o início das infecções por coronavírus no país.



Outro dado relevante é o crescimento na capacidade de mobilização de Mandetta depois do início da crise. Conforme indica o gráfico abaixo, os tweets do Ministro saltaram de pouco mais de 20 mil retweets em fevereiro para 66 mil no período entre os dias 1 e 19 de março. Novamente, isso coloca Mandetta na frente de seus colegas de gabinete mais populares – como Damares Alves, que viu seu número de retweets despencar no mesmo período. Por tudo isso, nossa avaliação é de que, com o aprofundamento da crise, Mandetta deve ganhar cada vez mais popularidade digital na mesma medida em que o núcleo duro bolsonarista, representado principalmente por Heleno e Damares, tenderá a perder capacidade de engajamento e mobilização nas redes sociais.


Metodologia

O IPD avalia a popularidade de políticos e marcas nas redes sociais. Os dados são coletados no Twitter, Facebook e Instagram. Depois, são processados usando um algoritmo de inteligência artificial que determina quais políticos ou marcas são mais fortes no ambiente digital. O IPD baseia-se em 40 variáveis de redes, divididas em cinco dimensões analíticas: Presença digital (perfis ativos nas redes sociais); Fama (número de seguidores); Engajamento (interação, comentários e curtidas, por postagens); Mobilização (compartilhamento das postagens) e Valência (proporção de reações positivas por reações negativas). A partir de um algoritmo de inteligência artificial, é calculado o peso de cada dimensão, construindo o IPD. As personas mensuradas são posicionadas em uma escala de 0 a 100. Além de fazer o ranking da popularidade digital dos políticos, o algoritmo também analisa quais dimensões explicam o sucesso ou o fracasso de cada um nas redes sociais.


©2020 Todos os direitos reservados.