A 15ª rodada da pesquisa Quaest, em parceria com a Genial Investimentos, mostra um resultado importante: Trump ajuda governo Lula a recuperar popularidade. Entre maio e julho, a aprovação do governo Lula subiu de 40% para 43%, enquanto a desaprovação caiu de 57% para 53%. Com isso, o saldo negativo diminuiu de 17 para 10 pontos percentuais.

Esse crescimento não veio de onde tradicionalmente se espera. A melhora foi registrada fora da base lulista, com destaque para a região Sudeste, onde a diferença entre aprovação e desaprovação caiu de -32 para -16 pontos. Também houve avanço entre quem possui ensino superior completo (de -31 para -8 pontos) e entre brasileiros de renda média (de -19 para -9 pontos).



Entre eleitores mais polarizados, o cenário permanece estável: a aprovação do governo Lula se mantém alta entre lulistas (acima de 80%) e baixa entre bolsonaristas (menos de 12%). A diferença ocorreu, sobretudo, entre os moderados, grupo em que o saldo negativo caiu de -28 para -16 pontos. Para entender esse movimento, a Quaest analisou três fatores: o confronto com o Trump, a percepção sobre a economia e a campanha de justiça tributária.

O impacto do conflito Trump x Lula
O principal fator que levou à mudança foi o conflito diplomático com Donald Trump. Segundo a pesquisa, 66% dos entrevistados ficaram sabendo da carta enviada pelo ex-presidente dos EUA a Lula, 79% acreditam que as tarifas impostas pelos EUA vão prejudicar suas vidas e 72% consideram que Trump errou ao justificar as medidas com base em perseguição a Bolsonaro.



O novo “tarifaço” teve efeito imediato: unificou lulistas, eleitores de esquerda e setores moderados, ao mesmo tempo que dividiu a direita. O centro, portanto, se aproximou do governo.

Além disso, 53% da população defendem que o Brasil deve reagir com medidas equivalentes às tarifas americanas.

Na comparação entre os lados políticos, Lula leva vantagem: 44% acreditam que ele está se saindo melhor que Bolsonaro, contra 29% que pensam o contrário. Esses dados reforçam o resultado principal deste estudo: Trump ajuda governo Lula a recuperar a popularidade.

Melhora na percepção da economia é pequena
A percepção econômica parece ser um fator coadjuvante na melhora da aprovação. Embora a economia siga “despiorando”, a variação entre maio e julho é pequena demais para produzir efeito significativo.


E mais, a expectativa sobre a economia futura piorou substantivamente: 43% acreditam hoje que a situação econômica deve piorar no próximo ano, o maior percentual desde o início da série histórica da Quaest. Esse pessimismo pode estar associado às consequências do tarifaço.

Campanha de justiça tributária tem apoio, mas ainda pouco alcance
Outro ponto investigado pela pesquisa Genial Quaest foi a campanha do governo pela justiça tributária. Até o momento, o impacto é limitado: só 17% afirmam ter visto os vídeos com inteligência artificial, e apenas 43% ouviram falar do conceito de justiça tributária.


Apesar disso, o tema tem grande potencial: 63% defendem aumentar os impostos dos mais ricos para reduzir a carga sobre os mais pobres. A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais conta com apoio de 75%, e o aumento para os super-ricos tem aprovação de 60%.


No entanto, a comunicação é um desafio. Quando associada à ideia de confronto entre “ricos e pobres”, a proposta perde força: 38% acreditam que esse discurso está correto, enquanto 53% dos brasileiros avaliam que essa estratégia cria mais briga e polarização.

A pesquisa indica que o governo precisa tomar uma decisão estratégica: manter o tom de enfrentamento, que mobiliza a base, ou buscar uma abordagem mais conciliadora para atrair o eleitorado do centro.

Metodologia
A pesquisa Quaest foi realizada entre os dias 10 e 14 de julho, com 2.004 entrevistados. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. O estudo foi encomendado pela Genial Investimentos.