A mais recente pesquisa Genial/Quaest mostra que há larga diferença na confiança que o brasileiro deposita em instituições como a igreja e polícias militares, de um lado, e partidos políticos, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, de outro. Enquanto que 73% da população diz confiar na Igreja católica, por exemplo, apenas 36% confia em partidos, uma diferença de 37 pontos percentuais.

Por si só, este dado mostra uma hierarquia de credibilidade: enquanto instituições ligadas à fé e à força mantêm números mais altos de confiança, aquelas que estruturam a democracia têm a confiança de parcela diminuta da população.
Conforme a pesquisa Genial/Quaest também mostra, outro fenômeno importante é o crescente desgaste de confiança nos últimos 4 anos em praticamente todas as instituições que analisamos.
A erosão da confiança
Entre 2022 e 2025, a desconfiança se espalhou praticamente por todas as instituições. Calculamos um saldo simples de mudança para contabilizar essa queda: subtraímos o percentual de pessoas que dizem confiar em uma instituição do percentual de pessoas que desconfiam dela. Com este indicador, o percentual de brasileiros que não confiam na Polícia Militar e nas Forças Armadas subiu 10 pontos. O mesmo movimento ocorreu com o Congresso Nacional, enquanto os partidos políticos acumularam um aumento de 9 pontos de desconfiança. Até mesmo o STF e a imprensa, instituições fundamentais para a democracia, viram esse sentimento crescer, respectivamente 7 e 6 pontos.

A queda generalizada não é um fenômeno isolado: ela acompanha a trajetória recente do país, marcada por polarização, crises políticas e disputas de narrativas.
Quando a confiança depende do voto
Os dados mostram que a confiança institucional não é distribuída de forma uniforme. Ela é fortemente influenciada pelo voto e pelo posicionamento político dos cidadãos.
Entre os eleitores de Lula, por exemplo, a confiança nas igrejas evangélicas caiu, sobretudo após 2024, já durante o atual governo. No campo oposto, os eleitores de Bolsonaro passaram a demonstrar desconfiança nas Forças Armadas, especialmente entre 2022 e 2024, um indício de que a frustração com a ausência de um “golpe” tenha impactado a percepção desse grupo.


O STF também ilustra bem essa mudança de rota: até 2023, era alvo de críticas principalmente entre lulistas. Mas, desde 2024, a desconfiança passou a crescer entre bolsonaristas e até entre eleitores que se abstiveram no segundo turno de 2022.

Imprensa e o Congresso no meio do caminho
Se em 2023 os eleitores de Bolsonaro ainda se dividiam sobre a imprensa, em 2025 quase 60% já a veem com desconfiança. Do outro lado, 67% dos eleitores de Lula afirmam confiar no trabalho jornalístico. O resultado é uma mídia que, para boa parte do país, virou mais um campo de disputa ideológica.

Já o Congresso Nacional conseguiu algo raro: perder confiança em todos os grupos. Lulistas, bolsonaristas e até os que se abstiveram em 2022 aumentaram o nível de desconfiança no Legislativo. A instituição aparece, assim, como um denominador comum no desgaste político.

Polarização e desconfiança
O retrato final da pesquisa é o de uma cada vez menor confiança em instituições, além de polarização. Para a direita, instituições como igrejas evangélicas, redes sociais e a Polícia Militar são as mais confiáveis. Já para a esquerda, o pilar da confiança se apoia em imprensa, STF e Presidência da República. A confiança deixou de ser apenas um indicador de credibilidade, portanto, para se transformar em reflexo da polarização.

Metodologia
A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 12.150 pessoas entre os dias 13 e 17 de agosto de 2025. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.