Após meses de recuperação gradual, a aprovação de Lula voltou a se estabilizar. A pesquisa Genial/Quaest de novembro mostra que 47% dos brasileiros aprovam o governo, enquanto 50% desaprovam, uma oscilação dentro da margem de erro, mas que marca o fim de uma tendência de alta observada nos últimos levantamentos.

A avaliação do governo também registrou leve piora: o saldo entre positivo e negativo passou de –4 para –7, com 38% avaliando o governo como bom ou ótimo e 31% como ruim ou péssimo. O grupo que considera a gestão “regular” manteve-se em 28%.

O que explica a estabilidade
A leitura dos dados indica uma combinação de fatores que se anulam. Por um lado, houve alívio no bolso do consumidor: a parcela da população que reclama da alta dos alimentos caiu de 88%, registrado na pesquisa de março deste ano, para 58%.

Além disso, o encontro entre Lula e Donald Trump, realizado na Malásia, gerou uma percepção positiva: 45% acreditam que o presidente saiu mais forte após a reunião, enquanto 30% acham que saiu mais fraco.

Por outro lado, as declarações de Lula sobre a megaoperação policial no Rio de Janeiro provocaram reação negativa. Para 81% dos brasileiros, o presidente errou ao sugerir que traficantes seriam “vítimas dos usuários”. Mesmo após o esclarecimento oficial, 51% consideram que essa opinião reflete o que Lula realmente pensa, e 39% interpretam o episódio como um mal-entendido.


O impacto do tema segurança pública
O debate sobre segurança pública no Brasil ganhou força nas últimas semanas, influenciando a percepção do governo. Mais da metade da população (57%) discorda da tese de que a megaoperação no Rio tenha sido “desastrosa”.

Na visão nacional, 67% aprovam a ação policial nos complexos do Alemão e da Penha e 67% não veem exageros na atuação das forças de segurança.


A ascensão desse tema interrompeu o ciclo de melhora da imagem do governo, especialmente entre eleitores independentes, que vinham sinalizando uma reaproximação com o presidente.

A percepção sobre operações policiais
Mesmo com o apoio majoritário à megaoperação no Rio, a população não deseja ver ações semelhantes em todo o país: apenas 42% defendem operações desse tipo em seus estados. Esse percentual considera os brasileiros de todos os estados, exceto os que moram no estado do Rio de Janeiro.

Os mais favoráveis são eleitores da direita não bolsonarista (62%), enquanto a esquerda não lulista (23%) se mostra mais contrária.
Essa diferença se explica por um fator central: a gravidade da violência no Rio de Janeiro. Para muitos brasileiros de outros estados, as megaoperações se justificam lá porque a criminalidade é percebida como mais intensa do que em outras regiões do país.


O que a população quer ver mudar
Quando o assunto é enfrentar o crime, a maioria defende leis mais rígidas, penas maiores e uma justiça mais firme, que mantenha criminosos presos. Medidas sociais e de prevenção, como educação e oportunidades, aparecem em segundo plano, com 27% das menções.

Entre as propostas em discussão no Congresso, armar a população e permitir que cada estado crie sua própria lei têm baixo apelo popular. Já aumentar a pena de homicídio e restringir visitas íntimas em presídios têm mais apoio.

Outra proposta com ampla aceitação é classificar organizações criminosas como terroristas, com resultados semelhantes entre o Rio e o cenário nacional.

Os governadores em destaque
A pesquisa também avaliou o desempenho dos governadores de direita que formaram um consórcio político após a megaoperação do Rio de Janeiro. Cláudio Castro (24%) aparece à frente, seguido por Tarcísio de Freitas (13%) e Ronaldo Caiado (11%).

Metodologia
O levantamento foi realizado entre 6 e 9 de novembro, com 2.004 entrevistas presenciais, em 120 municípios das cinco macrorregiões do país, e margem de erro máxima de 2 pontos percentuais, sob encomenda da Genial Investimentos.
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