A nova pesquisa Genial/Quaest sobre a avaliação do governo Lula mostra que a popularidade do presidente atingiu o maior nível desde janeiro deste ano. A aprovação e a desaprovação aparecem praticamente empatadas: 48% contra 49%, respectivamente.
Um dos destaques do levantamento é a recuperação da imagem do governo entre o eleitorado feminino, grupo decisivo na eleição de 2022, e a retomada de apoio em regiões estratégicas como o Nordeste (com a taxa de aprovação indo de 53% para 62%) e o Sul (de 35% para 41%). No Sudeste, a popularidade também oscilou positivamente, de 40% para 44%, desde o anúncio do chamado “tarifaço”, em julho.
Polarização e estabilidade marcam o cenário político
O retrato político reforça o cenário de polarização e calcificação entre os eleitores. Enquanto lulistas e a esquerda mantêm apoio quase unânime ao governo (mais de 80%), bolsonaristas e a direita seguem na desaprovação também acima de 80%. Entre os independentes, o resultado é de equilíbrio: 48% aprovam e 46% desaprovam o governo.
A diferença entre avaliação positiva e negativa caiu de sete para quatro pontos em um mês, o que representa um empate técnico dentro da margem de erro. Já o percentual de quem considera o governo “regular” permaneceu estável, em 27%.
Recuperação de credibilidade e acúmulo de vitórias políticas
Desde julho, o governo vem mostrando sinais consistentes de recuperação, tanto na popularidade quanto na credibilidade. Cresceu o número de brasileiros que afirmam que o governo está superando as expectativas, sendo agora 25% da população segundo a pesquisa.
Esse movimento pode ser explicado por uma sequência de vitórias políticas recentes que geraram percepções positivas junto à opinião pública. 30% dos brasileiros, por exemplo, dizem terem visto notícias positivas recentes sobre o governo, percentual que era de 19% em maio.
O encontro entre Lula e Donald Trump, por exemplo, foi conhecido por 57% dos brasileiros, e entre eles, quase metade (49%) considerou que o presidente saiu politicamente mais forte após a reunião.
Outro fator foi o discurso de Lula na ONU, avaliado positivamente por 52% dos que tiveram conhecimento do pronunciamento, contra 34% de avaliação negativa.
Medidas econômicas e expectativas elevadas
A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil é outra medida que reforçou a boa percepção do governo. Quase 80% dos brasileiros aprovam a iniciativa, e 41% acreditam que ela trará melhora significativa nas finanças pessoais, um nível de expectativa considerado elevado, já que supera as projeções oficiais da Receita Federal.
Curiosamente, a expectativa positiva cresceu inclusive entre eleitores da direita e bolsonaristas, fora da base tradicional do presidente, sinalizando ampliação do otimismo com a política econômica.
Narrativa governista ganha força: anistia e PEC da Blindagem
A pesquisa também mostra avanços na narrativa do governo em temas sensíveis. O percentual de brasileiros contrários à anistia aumentou de 41% para 47%.
Além disso, a maioria (52%) avalia que as penas aplicadas até agora são justas, enquanto 37% consideram que foram excessivas.
Em relação à PEC da Blindagem, a rejeição subiu de 53% para 63%, reforçando outra vitória simbólica para o Planalto. E as manifestações contra anistia e contra a PEC foram vistas como demonstrações de força do governo por 39% dos brasileiros, contra 30% que enxergaram fraqueza.
Desafios persistem: promessas e direção do país
Apesar dos bons resultados, a pesquisa destaca três desafios centrais para o governo Lula:
- O país segue dividido quanto às boas intenções do presidente;
- A maioria ainda acredita que Lula não tem conseguido cumprir suas promessas;
- A percepção de que o país está indo na direção errada permanece majoritária, indicando que parte da população considera as ações do governo insuficientes para mudar o rumo do país.
Outro ponto que não contribuiu para a melhora da avaliação foi a inflação de alimentos, que permaneceu estável neste mês e não influenciou a sensação de melhora econômica.
Metodologia
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas entre os dias 2 e 5 de outubro de 2025. O nível de confiabilidade é de 95% e a margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.
