A COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA), e representa uma etapa decisiva da agenda global sobre mudanças no clima e gestão dos riscos socioambientais. O evento reunirá chefes de Estado, especialistas, organismos multilaterais e sociedade civil em torno da busca por mecanismos de cooperação internacional capazes de gerar efeitos globais concretos.
Atenta à relevância política e simbólica desse momento, a Quaest iniciou o monitoramento contínuo da opinião pública digital sobre a COP30, com o objetivo de compreender como o debate vem sendo estruturado nas redes, quais temas ganham centralidade e de que forma o público interpreta o papel do Brasil no processo. A partir deste mês, os monitoramentos passam a ser semanais, permitindo acompanhar com precisão a evolução das percepções e narrativas em torno do evento.
O debate se intensifica e ganha novos contornos
Entre 1º e 7 de outubro de 2025, a Quaest registrou 126 mil menções à COP30, produzidas por 42 mil autores únicos em mais de 15 plataformas digitais, incluindo X, Instagram, Facebook, TikTok, Reddit, Threads e portais de notícias. O alcance estimado chegou a 1,8 milhão de visualizações por hora, com postagens em português, inglês e espanhol.

A semana foi marcada no Brasil por dois momentos de pico no volume de menções:
- 3 de outubro – visita do presidente Lula a Belém, acompanhando as obras finais do evento e solicitando a iluminação da Basílica de Nazaré;
- 6 de outubro – repercussão da ligação entre Lula e Donald Trump, quando o presidente brasileiro reiterou o convite para que o ex-presidente americano participe da conferência.
Esses episódios reposicionaram a COP30 no centro do debate político e midiático, impulsionando tanto elogios à mobilização diplomática brasileira quanto críticas aos custos e à preparação da cidade-sede.


No Brasil, a COP30 é vista entre legado e desafio
No cenário nacional, o debate foi dominado por temas práticos e políticos. As menções sobre as instalações do evento e as obras em Belém concentram 20% do total, seguidas pela ligação entre Lula e Trump (16%), melhorias em saneamento (14%), custos do evento (11%) e a discussão sobre a Amazônia como capital simbólica do país (10%).
Menções menos frequentes trataram de riscos sanitários, colapso na saúde pública local e impactos ambientais, todos abaixo de 10%.

Os dados mostram que o debate sobre a COP30 não se restringe à agenda climática, mas abrange infraestrutura, governança e política doméstica, refletindo a complexidade de sediar um evento global na Amazônia.
Embora o tom geral continue dividido, há um dado significativo: o percentual de menções positivas cresceu de 13% para 21% desde setembro, enquanto as menções negativas caíram de 37% para 26%.
Esse movimento indica uma inflexão no sentimento público nacional, com mais reconhecimento às obras de saneamento, à entrega das instalações e à importância simbólica da Amazônia como palco do evento.

Entre as menções positivas, prevalecem elogios à finalização das obras, à agenda diplomática do governo e à melhoria da infraestrutura urbana. Já as negativas concentram críticas a custos elevados, possíveis falhas de gestão pública, questões sanitárias e suspeitas sobre o impacto ambiental da própria realização da conferência.



O debate internacional: ceticismo e foco em resultados
Fora do Brasil, o tom é mais analítico e cético. As conversas em nível internacional apresentaram 45% de menções neutras, 37% negativas e apenas 17% positivas.
A neutralidade se explica pelo predomínio de conteúdos jornalísticos e institucionais, que relatam fatos sem juízo de valor. Já as postagens negativas se concentram em questionamentos sobre a efetividade das COPs anteriores, descrença nas metas climáticas e ceticismo em relação à substituição dos combustíveis fósseis.
As menções positivas, por outro lado, são associadas ao reconhecimento da relevância da Amazônia, à liderança diplomática do Brasil e às propostas de cooperação internacional que buscam novos mecanismos de governança ambiental.

As pautas com maior alcance internacional refletem o dilema entre ambição política e pragmatismo econômico.
Entre os temas mais citados estão:
- Justiça climática, com foco na redistribuição de responsabilidades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento;
- Crise climática e negociação multilateral, reforçando o papel da ONU como espaço de mediação global;
- Descarbonização e transição energética, com atenção à redução da dependência de combustíveis fósseis;
- Agenda 2030, como referência às metas globais de desenvolvimento sustentável;
- E, em paralelo, críticas aos altos custos logísticos da COP30 e à falta de consenso internacional sobre financiamento climático.
A coexistência desses tópicos revela que o debate global se move entre a urgência de agir e a cautela de implementar, refletindo uma tensão estrutural entre compromisso e viabilidade que acompanha a política climática desde suas origens.


Na semana analisada, o Brasil concentrou 55% das menções globais sobre a COP30, evidenciando que o país não é apenas o anfitrião, mas também o principal vetor das conversas digitais sobre o evento.
Em seguida aparecem os Estados Unidos (10%), Espanha (6%), Reino Unido (4%) e Colômbia (4%), compondo um grupo diversificado de países com interesse político, econômico e ambiental no tema.
Essa distribuição indica que, embora a COP 30 seja um evento de alcance global, o protagonismo brasileiro domina o debate, seguido por uma atenção concentrada em países que tradicionalmente influenciam as discussões climáticas.

Estados Unidos
Nos Estados Unidos, segundo país com mais menções, o debate gira em torno do ceticismo quanto aos resultados esperados da COP30. Perfis acadêmicos, ambientalistas e veículos especializados expressam dúvidas sobre a capacidade das conferências da ONU de converter compromissos em ações de mitigação efetivas. As publicações refletem a percepção de que os acordos internacionais ainda avançam lentamente em comparação com o ritmo das mudanças climáticas, e que, sem compromissos financeiros mais robustos, o impacto tende a ser limitado.
Espanha e Reino Unido
Na Espanha e no Reino Unido, as menções destacam principalmente a Agenda 2030, a transição energética e a justiça climática, temas que costumam dominar a cobertura europeia sobre o clima. Há uma leitura mais institucional e normativa do evento, que enxerga a COP30 como um marco de reposicionamento das políticas globais, um momento para avaliar o cumprimento dos compromissos assumidos em Paris e renovar as metas nacionais de descarbonização. A presença desses países no debate sugere expectativas altas e, ao mesmo tempo, vigilância crítica sobre o papel do Brasil como anfitrião e articulador.
Colômbia
A Colômbia, quarto país com mais menções (empatado com o Reino Unido), traz uma perspectiva regional sobre cooperação amazônica e desafios socioambientais compartilhados. As postagens latino-americanas costumam associar a COP30 à preservação da floresta tropical, ao enfrentamento das desigualdades e à necessidade de um novo modelo de desenvolvimento sustentável para os países da região. Reforça-se uma visão de solidariedade entre nações do Sul Global, enfatizando que a Amazônia deve ser tratada como um patrimônio comum e estratégico para a estabilidade climática do planeta.
Posts internacionais de destaque


Tensões e convergências no discurso global
A comparação entre os dois cenários revela duas dinâmicas complementares.
No Brasil, o debate tem caráter mais operacional e reputacional, voltado à infraestrutura, aos custos e à capacidade de entrega. No exterior, o discurso é programático e normativo, centrado em metas, compromissos e efetividade das negociações.
Enquanto o público nacional discute como a COP será realizada, o debate internacional questiona para que e com quais resultados ela ocorrerá.
A segunda rodada do Radar COP30 trouxe insights interpretativos como um debate digital mais complexo, informado e dinâmico neste momento pré-COP30. O tom de confronto inicial dá lugar a um cenário de contrastes mais sofisticados, no qual otimismo e desconfiança coexistem em proporções distintas entre países e grupos. Seguiremos acompanhando e monitorando a opinião pública nacional e internacional até o evento.
Motodologia
Entre 01 a 07 de outubro de 2025, a Quaest realizou o segundo monitoramento de opinião pública digital sobre a COP30, utilizando sua metodologia proprietária de Social Listening, uma tecnologia que identifica, classifica e analisa menções nas principais redes sociais e veículos de notícias on-line, no Brasil e no exterior. Essa abordagem permite mensurar a temperatura e o tom do debate público, revelando tendências, percepções e padrões de engajamento que ajudam a compreender como a conferência vem sendo discutida e interpretada na esfera digital.
O estudo foi conduzido pelas Diretorias de Sustentabilidade e Riscos e de Processamento, da Quaest, e marca o início de uma série de monitoramentos semanais que acompanharão a evolução das narrativas, temas e atores em torno da COP30 até a realização do evento.


