A COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA), já movimenta de forma significativa o debate público sobre o papel do Brasil na governança climática global. Pela primeira vez, a principal conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas ocorrerá na Amazônia, o que projeta o país como ator central nas discussões sobre transição energética, justiça climática e desenvolvimento sustentável.
O evento tem sido marcado por disputas narrativas e percepções divergentes. De um lado, prevalece uma visão otimista, que reconhece na COP30 uma oportunidade singular para o Brasil reafirmar seu protagonismo ambiental, diplomático e econômico diante da comunidade internacional. De outro, sobressaem críticas e preocupações quanto à infraestrutura de Belém, ao aumento dos custos logísticos e de hospedagem, e às tensões políticas que intensificam o escrutínio global sobre a capacidade do país de sediar um evento dessa magnitude.
Em um contexto geopolítico mais amplo, a COP30 desponta como um espaço de convergência e confronto diplomático, onde narrativas, interesses e expectativas se cruzam em torno das condições reais de implementação da agenda climática. O encontro, portanto, ultrapassa o simbolismo ambiental: torna-se um teste da coerência entre os discursos internacionais sobre sustentabilidade e as viabilidades políticas, econômicas e sociais que os sustentam.
O debate sobre a COP30 está em alta
Entre 1º de julho e 30 de setembro, foram registradas 2,1 milhões de menções e 305 mil autores únicos falando sobre a COP30 nas redes sociais. O debate é intenso e global, com apurações nos idiomas português e inglês, e observou-se que as postagens sobre o tema tiveram um alcance médio estimado de 2,3 milhões de visualizações por hora.

Os principais picos de menções ocorreram em momentos de repercussão internacional:
- A pressão de mais de 25 países por mudança de local da conferência devido aos preços elevados.
- A saída da Áustria do evento.
- As críticas ao custo de R$ 30 milhões para o show de abertura.
- A revogação do visto do coordenador-geral da COP30, Alberto Kleiman, pelos Estados Unidos.
- E o discurso do presidente Lula na ONU, com o anúncio do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).

Sobre o sentimento geral em relação às postagens, a metade são posts informativos ou descritivos, 37% são negativos e 13% são positivos.

Exemplos de postagens negativas
Entre os pontos negativos, prevalecem as críticas aos altos custos de realização, à infraestrutura de Belém e ao encarecimento da hospedagem e dos serviços locais. Também aparecem suspeitas de irregularidades em licitações e a repercussão de episódios diplomáticos, como a revogação do visto do coordenador-geral da COP30 pelos Estados Unidos. Esse conjunto de temas reforça uma percepção de descrédito e desconfiança, em que o evento é associado a ineficiência, desperdício de recursos e tensões políticas, especialmente em comparação a outras edições da conferência.


Exemplos de postagens positivas
Por outro lado, as menções positivas, ainda que em menor volume, destacam o potencial simbólico e estratégico da COP30. Nas redes, os elogios concentram-se no discurso do presidente Lula na ONU, quando anunciou o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), e na importância da Amazônia como território central para a agenda climática global. Essas publicações apresentam visões mais otimistas, que associam o evento à liderança ambiental do Brasil, à proteção das florestas tropicais e à oportunidade de diálogo entre países do Sul Global.


Exemplos das postagens de maior alcance no X
O contraste entre críticas e apoios mostra que, embora a COP30 desperte entusiasmo por seu potencial de transformação, ela também enfrenta forte questionamento público. Essa dualidade sintetiza o cenário atual do debate: um evento de alta relevância simbólica, mas permeado por tensões políticas, econômicas e diplomáticas que moldam a percepção da sociedade sobre seu significado e suas possibilidades de impacto real.


O que se fala sobre a COP30: entre o evento e o clima
As conversas digitais sobre a COP30 revelam uma distinção clara entre dois campos de debate. O primeiro, mais volumoso, concentra-se em torno das menções gerais ao evento, aquelas que tratam de questões políticas, diplomáticas e de organização objetiva. O segundo, menor em volume, mas mais denso em conteúdo, reúne as menções específicas sobre os temas substantivos da conferência, como transição energética, justiça climática, povos indígenas e impactos ambientais.
As menções gerais equivalem à 80% do total do volume apurado pela Quaest nos últimos 3 meses. Nelas, predominam os assuntos ligados a críticas aos custos, aumentos nos preços de hospedagem, suspeitas de irregularidades em licitações, e tensões nas relações Brasil–EUA, que se intensificaram após a revogação do visto do coordenador-geral da COP30. Esses tópicos compõem uma narrativa marcada por conflitos, questionamentos e desconfianças, em que a conferência é tratada mais como evento político do que como espaço de pactuação climática.

Já nas menções específicas, observa-se um debate mais voltado ao conteúdo das negociações e das agendas ambientais, com destaque para termos como “governo federal”, “justiça climática”, “povos indígenas”, “transição energética” e “impactos ambientais”. Ainda que representem apenas 20% do total das menções, essas discussões indicam um núcleo de engajamento mais qualificado, em que organizações, especialistas e lideranças socioambientais disputam narrativas sobre o papel do Brasil e sobre os caminhos possíveis para a descarbonização e o desenvolvimento sustentável.

De forma geral, as duas frentes de debate demonstram que a COP30 tem sido tão política quanto ambiental. Enquanto a dimensão organizacional e diplomática provoca reações imediatas e polarizadas, os temas de fundo, que dizem respeito ao futuro climático, avançam de forma mais lenta.
Observa-se, portanto, um desequilíbrio entre menções positivas e negativas, evidenciando a complexidade e a polarização que marcam o debate público em torno do evento. A seguir, apresentamos, de forma categorizada, os temas mais recorrentes dentro dos eixos positivo e negativo.

Por que acompanhar o debate digital sobre a COP30 importa
A realização da COP30 na Amazônia é um marco político e simbólico, mas também um desafio em termos de reputação, logística e governança. O acompanhamento contínuo das percepções públicas é essencial para compreender como a sociedade brasileira e a comunidade internacional enxergam o papel do país na agenda climática global.
Com o Radar COP30, a Quaest seguirá monitorando semanalmente o debate sobre o evento até novembro de 2025, identificando tendências, tensões e oportunidades de comunicação que ajudarão empresas, governos e instituições a tomar decisões mais informadas e estratégicas.
Acompanhe as próximas edições do Radar COP30 nas redes da Quaest e no blog institucional.
Metodologia
Entre julho e setembro de 2025, a Quaest realizou o primeiro monitoramento de opinião pública digital sobre a COP30, utilizando sua metodologia proprietária de Social Listening, uma tecnologia que identifica, classifica e analisa menções nas principais redes sociais e veículos de notícias on-line, no Brasil e no exterior. Essa abordagem permite mensurar a temperatura e o tom do debate público, revelando tendências, percepções e padrões de engajamento que ajudam a compreender como a conferência vem sendo discutida e interpretada na esfera digital.
O estudo foi conduzido pelas Diretorias de Sustentabilidade e Riscos e de Processamento da Quaest e marca o início de uma série de monitoramentos semanais que acompanharão a evolução das narrativas, temas e atores em torno da COP30 até a realização do evento.