A nova pesquisa eleitoral Genial/Quaest confirma que Lula mantém a liderança em todos os cenários de primeiro turno e amplia sua vantagem em simulações de segundo turno. O levantamento mostra ainda como o episódio do tarifaço impactou negativamente candidatos da oposição, reposicionando forças dentro do campo político que disputará com Lula em 2026.
Lula mantém liderança no 1º turno
No cenário de intenção de voto para presidente, Lula segue consolidado na dianteira. Em todos os cenários estimulados de primeiro turno, o atual presidente aparece com índices que variam entre 34% e 35%, o que o coloca consistentemente à frente dos adversários.

Jair Bolsonaro, mesmo inelegível, ainda é o nome mais competitivo da oposição, com 28% das intenções de voto. Esse dado mostra que Bolsonaro mantém uma base sólida de eleitores, o que ajuda a entender a dificuldade da direita em encontrar alternativas de peso.
Tarcísio se torna o nome mais forte da oposição
Uma das novidades mais relevantes desta rodada é a ascensão de Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo aparece pela primeira vez como o adversário mais forte em um eventual segundo turno contra Lula. No cenário nacional, Lula venceria por 43% a 35%, uma vantagem de 8 pontos percentuais.

Apesar desse crescimento, Tarcísio também enfrentou desgaste. Sua associação ao ex-presidente Jair Bolsonaro no episódio do tarifaço reduziu parte do seu potencial. Entre julho e agosto, a distância que Lula mantinha sobre ele dobrou, passando de 4 para 8 pontos. Ou seja, Tarcísio ganhou projeção, mas também herdou parte do custo político que tem marcado a oposição.

Resultados regionais: Lula x Tarcísio no 2º turno
O desempenho regional de Tarcísio mostra como seu apoio é desigual no país. Se a eleição fosse hoje, ele venceria Lula por 17 pontos em São Paulo, 15 em Goiás, 14 no Paraná e 5 pontos no Rio Grande do Sul. Essas vitórias evidenciam a força de Tarcísio em áreas onde a oposição tradicionalmente performa bem.
Por outro lado, Lula mantém uma vantagem expressiva no Nordeste, especialmente na Bahia (63% a 21%) e em Pernambuco (61% a 27%), regiões onde a diferença chega a superar 40 pontos. Em Minas Gerais e Rio de Janeiro, os dois candidatos aparecem tecnicamente empatados.

Bolsonaro perde fôlego em agosto
A comparação entre julho e agosto mostra um enfraquecimento de Jair Bolsonaro. Em julho, Lula tinha apenas 6 pontos de vantagem sobre o ex-presidente em um cenário de segundo turno. Agora, essa diferença dobrou e chegou a 12 pontos, reflexo do impacto negativo do tarifaço sobre a imagem de Bolsonaro.

Um dado chama a atenção: em São Paulo, Bolsonaro aparece empatado com Lula. O contraste com o passado é marcante: em 2018, Bolsonaro abriu 30 pontos de vantagem sobre Haddad no estado; em 2022, liderou Lula por 10 pontos.

Lula amplia diferença sobre Michelle Bolsonaro
Outro movimento registrado pela pesquisa é a ampliação da vantagem de Lula sobre Michelle Bolsonaro. Em julho, a diferença entre os dois era de 7 pontos; em agosto, subiu para 13 pontos percentuais. Essa variação mostra que, embora Michelle apareça como uma alternativa da direita, sua competitividade ainda é limitada.

Em Goiás, ela teria seu melhor desempenho, chegando a vencer Lula por 15 pontos. Contudo, os empates em São Paulo e Minas Gerais praticamente inviabilizam qualquer possibilidade de vitória nacional, já que Lula mantém forte desempenho na Bahia e em Pernambuco, estados de grande peso eleitoral.

Ratinho Jr. perde espaço nacionalmente
O governador do Paraná, Ratinho Júnior, também viu seu desempenho piorar. Nacionalmente, Lula abriu 10 pontos de vantagem sobre ele, mesmo com Ratinho se mantendo mais discreto no debate sobre o tarifaço.

Ainda assim, Ratinho mantém força em seu reduto eleitoral. No Paraná, venceria Lula por ampla margem de 54 pontos. Em São Paulo, aparece com uma pequena vantagem de 5 pontos. Esses resultados indicam que seu potencial é fortemente regionalizado e pouco competitivo em nível nacional.

Eduardo Bolsonaro não avança
A candidatura de Eduardo Bolsonaro também não mostra sinais de crescimento. Pelo contrário: a vantagem de Lula sobre ele aumentou de 10 para 15 pontos em apenas um mês.

Eduardo só venceria Lula em Goiás e no Paraná. Nos demais estados, ou empata (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) ou perde (Bahia e Pernambuco). A movimentação política recente do deputado, sobretudo no exterior, não se traduziu em ganhos eleitorais concretos.

Zema perde força fora de Minas
A performance do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, também caiu. Lula ampliou sua vantagem de 9 para 14 pontos no cenário nacional.

Mesmo em Minas, onde é governador, Zema venceria Lula por 13 pontos. Mas, em outros colégios importantes, o desempenho é inferior: empate em São Paulo e derrota no Rio de Janeiro. Isso mostra a dificuldade de transformar força regional em projeção nacional.

Caiado depende exclusivamente de Goiás
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, também foi afetado negativamente pelo tarifaço. Lula abriu uma diferença de 16 pontos nacionais em relação a ele.

Apesar disso, Caiado mantém enorme vantagem em seu estado, onde venceria Lula por mais de 50 pontos. O problema é que sua baixa penetração fora de Goiás limita muito seu potencial competitivo. Para crescer, ele precisaria ampliar sua presença especialmente em São Paulo e Minas Gerais.

Flávio Bolsonaro aparece pela 1ª vez
O senador Flávio Bolsonaro foi testado pela primeira vez em um cenário nacional. O resultado mostra uma desvantagem de 16 pontos percentuais em relação a Lula. Apenas no Rio de Janeiro, seu estado de origem, Flávio consegue se aproximar, mas sem força suficiente para inverter o quadro.


Potencial de voto e rejeição
O levantamento também traz uma novidade importante: pela primeira vez em 2025, a rejeição a Lula caiu e seu potencial de voto aumentou. Entre os candidatos da oposição, ocorreu o inverso: a rejeição subiu e o potencial permaneceu estável.

Além disso, a pesquisa evidencia que muitos nomes ainda sofrem com desconhecimento nacional. É o caso de governadores como Ratinho, Zema, Caiado e Eduardo Leite, que têm força em seus estados, mas não conseguem traduzir esse capital político em visibilidade no cenário nacional.
Debate sobre candidaturas
Apesar da liderança consolidada, há sinais de cansaço com as principais lideranças políticas. Segundo a pesquisa, 58% dos brasileiros acham que Lula não deveria tentar a reeleição em 2026. Já no caso de Bolsonaro, esse índice é ainda mais expressivo: 65% acreditam que ele deveria desistir e apoiar outro candidato.


Esses números reforçam a polarização política no país, mas também revelam que, hoje, existe um medo ligeiramente maior do retorno de Bolsonaro do que da continuidade de Lula.

Metodologia
A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 12.150 pessoas entre os dias 13 e 17 de agosto de 2025, em 519 municípios. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.