A 8ª rodada da pesquisa ‘O que pensa o mercado financeiro’, realizada em parceria com a Genial Investimentos, mostra um cenário desafiador para o governo federal. O levantamento mostra alta rejeição a Lula (88%), uma piora significativa na avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (58%), e um voto de confiança dos agentes financeiros ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
A seguir, apresentamos a análise completa dos principais dados da pesquisa.
Rejeição ao governo Lula volta a crescer
Após um período de recuperação da popularidade entre os agentes do mercado em meados de 2023, o governo Lula enfrenta um novo desgaste. Segunda a pesquisa, 88% dos entrevistados classificam a gestão como ruim ou péssima, enquanto apenas 4% a consideram ótima ou boa.

Política econômica é vista como problemática
O principal fator por trás da queda de popularidade do governo é a percepção de que a política econômica do país está no caminho errado. Apenas 7% dos agentes do mercado acreditam que as atuais diretrizes econômicas são positivas, enquanto a maioria expressa preocupação com a trajetória do Brasil.

A pesquisa também mostra que 92% dos entrevistados consideram Lula o principal responsável pelas decisões econômicas, enquanto apenas 5% atribuem essa responsabilidade ao ministro Fernando Haddad.

Fernando Haddad perde apoio e mercado vê fraqueza no ministro
Mesmo com Lula sendo apontado como o principal responsável pelo cenário econômico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também enfrenta queda expressiva de popularidade. Haddad, que mantinha uma avaliação majoritariamente positiva até dezembro de 2024, viu sua reprovação aumentar de 24% para 58% em março de 2025.

Além disso, o mercado vê uma perda de influência do ministro dentro do governo. Em um ano, o percentual de agentes financeiros que acreditam que Haddad está perdendo força passou de 14% para 85%, evidenciando um cenário de fragilidade para sua posição.

Galípolo recebe voto de confiança do mercado
Em contrapartida, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, inicia sua gestão com uma avaliação mais positiva. Apenas 8% dos entrevistados consideram sua atuação como negativa, enquanto 45% avaliam seu desempenho de forma positiva.

No entanto, o mercado ainda está em observação: 58% dos entrevistados acreditam que é cedo para avaliar se Galípolo está tomando decisões mais técnicas ou políticas. Mas 38% já defendem que ele vem atuando de forma técnica, o que é visto como um ponto positivo pelos agentes financeiros.

Expectativas para a economia: juros, recessão e inflação
A pesquisa também mostrou as projeções do mercado para a economia brasileira. A maioria dos entrevistados espera que o Comitê de Política Monetária (COPOM) aumente a taxa Selic em 1 ponto percentual na reunião de hoje.

Para o fim de 2025, a média projetada para a taxa Selic é de 14,73%, com um grande número de agentes prevendo que os juros possam chegar a 15%.

O pessimismo em relação à economia também se reflete nas projeções de crescimento. 83% dos entrevistados acreditam que a economia brasileira vai piorar nos próximos 12 meses.

Quase 60% avaliam que o Brasil pode entrar em recessão no segundo semestre de 2025.

Quando o assunto é PIB, a maioria dos entrevistados estima que o crescimento do país ficará entre 1,51% e 2% ao final do ano, uma desaceleração em comparação aos últimos trimestres, quando o PIB brasileiro cresceu acima de 2,5%.

Inflação e câmbio: projeções para 2025
Outro dado relevante da pesquisa é a expectativa para a inflação. Para 82% dos agentes financeiros, o índice de preços ao consumidor deve aumentar em relação a 2024.

A estimativa é que a inflação acumulada no ano feche em 6,01%, significativamente acima dos 4,83% registrados em 2024, que já ultrapassaram o limite da meta estipulada pelo governo.

No mercado de câmbio, a projeção é que o dólar termine 2025 cotado a R$5,96, indicando um real mais fraco diante das incertezas econômicas.

Governo enfrenta desafios no Congresso
Além da economia, o mercado também avalia os desafios políticos do governo Lula. A pesquisa mostra que 58% dos entrevistados acreditam que o governo não conseguirá aprovar sua agenda no Congresso, um aumento em relação à rodada anterior, quando esse percentual era de 39%.

No entanto, a análise indica que as propostas de gastos, como saques do FGTS e isenção do Imposto de Renda, têm maior chance de aprovação do que as propostas de compensação, como a taxação de rendimentos acima de R$50 mil, que enfrentam forte resistência.

Metodologia da pesquisa
A pesquisa ‘O que pensa o mercado financeiro’ ouviu 106 dos maiores agentes do setor financeiro em São Paulo e Rio de Janeiro entre os dias 12 e 17 de março de 2025. A margem de erro estimada é de 3,4 pontos percentuais, utilizando a técnica de bootstrap, considerando um universo de 3.256 agentes financeiros listados em fundos, gestores, asset manegement e family offices.