A nova edição da pesquisa Quaest na Câmara dos Deputados, em parceria com a Genial Investimentos, dá uma dimensão mais precisa ao cenário de desgaste na relação entre o Executivo e o Legislativo. 46% dos deputados federais avaliam o governo Lula de forma negativa, o maior patamar da série, enquanto apenas 27% classificam o governo como ótimo ou bom.

Esse crescimento na desaprovação veio principalmente dos parlamentares que se identificam como independentes, grupo que representa 27% da Câmara. Entre os governistas, a avaliação segue estável e positiva. Já entre os opositores, a visão crítica permanece predominante.

Além da avaliação negativa do governo, 51% dos deputados consideram ruim ou péssima a relação entre o Executivo e Legislativo, um aumento de 8 pontos em relação à rodada anterior. Apenas 18% classificam a relação como boa ou ótima.

Essa percepção negativa está presente em todas as posições ideológicas: 76% da direita, 49% do centro e até 17% da esquerda compartilham dessa visão.

Baixas expectativas para a agenda do governo
O pessimismo também aparece quando os deputados avaliam as chances de o governo aprovar sua agenda no segundo semestre: 57% acreditam que Lula não terá sucesso, revertendo completamente o cenário observado em 2023. Até mesmo a base governista demonstra menos otimismo.

Entre os motivos apontados para a baixa produtividade legislativa, destacam-se:
- Falta de articulação política (45%)
- Impasse sobre a anistia (33%)
- Não liberação de emendas (15%)

Ainda sobre suas relações com o Executivo, 84% dos deputados dizem já terem sido recebidos por algum ministro ao longo do mandato. No entanto, ser recebido não significa ter pleitos atendidos.
Do ano passado pra cá, aumentou a sensação entre os deputados independentes e de direita que seus pedidos não são atendidos. No caso da oposição, pode-se imaginar razões políticas para isso. Mas no caso dos independentes, isso pode ajudar a explicar o mau humor desses 27% com o governo.


O que tem apoio na Câmara?
Apesar do cenário negativo, algumas pautas contam com amplo apoio no plenário:
- Elevação da faixa do Imposto de Renda (88%)
- Exploração de petróleo na Amazônia (83%)
- Aumento de pena para roubos (76%)
- Fim da reeleição para cargos do Executivo (69%)

Por outro lado, propostas como o PL dos supersalários, o fim da escala 6×1 e a exclusão do Judiciário do limite de gastos têm baixa adesão.
Deputados também criticam o STF
A avaliação negativa do STF também cresceu: passou de 40% para 48%. Para 49% dos deputados, o Supremo invade sempre as competências do Congresso.


Ainda assim, a maioria acredita que não há clima para aprovar o impeachment de ministros do STF.

Perspectiva para 2026: oposição em vantagem
A pesquisa também investigou as expectativas para as próximas eleições presidenciais: 68% acreditam que Lula será candidato à reeleição, mas apenas 35% acham que ele vencerá, uma queda de 15 pontos frente à oposição.


Essa mudança veio principalmente dos parlamentares de centro, que agora enxergam a oposição como favorita em 2026.

Além disso, 51% defendem que Bolsonaro não seja candidato, e Tarcísio de Freitas (SP) aparece como o nome mais citado para representar a oposição no próximo pleito.


Avaliação positiva de Hugo Motta
Por fim, um dos poucos pontos de consenso entre os deputados é o reconhecimento do trabalho de Hugo Motta na presidência da Câmara. 68% avaliam sua atuação como ótima ou boa.

Metodologia
A Quaest ouviu 203 deputados federais, respeitando a representatividade regional e ideológica da Câmara. A margem de erro máxima estimada é de 4,5 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.