COP30 em alta: engajamento cresce e o tom nas redes se equilibra

Por Marina Siqueira | Diretora de Sustentabilidade e Riscos
Publicado em 17 de outubro de 2025

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A COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA), e marca uma etapa decisiva da agenda global sobre mudanças no clima e gestão dos riscos socioambientais. O evento reúne expectativas diplomáticas, desafios logísticos e simbologias políticas que extrapolam o território brasileiro, projetando a Amazônia como centro do diálogo climático internacional.

Com o objetivo de compreender como esse debate se estrutura e evolui na esfera digital, a Quaest realiza o monitoramento contínuo da opinião pública sobre a COP30 por meio de sua metodologia de Social Listening Digital.  Entre os dias 8 e 14 de outubro de 2025, o terceiro relatório da série registrou uma nova ampliação do engajamento, com crescimento no volume de menções, autores únicos e alcance médio. A partir de agora, a divulgação dos monitoramentos são semanais, permitindo uma leitura detalhada sobre tendências, percepções e narrativas até a realização do evento.

Engajamento em alta e equilíbrio no tom do debate

Durante o período analisado, foram identificadas 129 mil menções, publicadas por 48 mil autores únicos em mais de 15 plataformas digitais, com um alcance médio estimado de 1,5 milhão de visualizações por hora. Esses números representam um avanço em relação à semana anterior, tanto em volume quanto em diversidade de vozes, indicando a centralidade da COP30 em ocupar um espaço central da agenda pública global.

COP30

O Brasil manteve a liderança nas conversas globais sobre a COP30, no país, as menções sobre o tema alcançaram 45% das menções mundiais, seguido por Estados Unidos (6%), Reino Unido (3%), Argentina (2%) e Espanha (2%).

Essa distribuição confirma que o país anfitrião tem promovido debates internos e externos significativos sobre o evento, sobre seu papel na agenda climática e sobre a postura política e diplomática adotada, o que gera tanto reações positivas quanto reações críticas.  Nesse contexto, o debate doméstico segue marcado por questões operacionais, como a infraestrutura e a logística de Belém, que se tornam parte essencial da narrativa pública sobre a preparação para um evento de alcance global.

No Brasil, o engajamento positivo cresce e acentua a polarização nas redes

Entre 8 e 14 de outubro, o debate digital sobre a COP30 manteve-se em alta intensidade, impulsionado por eventos simbólicos e políticos que ampliaram o engajamento nacional e internacional.

O primeiro pico, registrado em 8 de outubro, esteve associado a dois marcos relevantes: a aprovação da Amazônia como capital simbólica do país, decisão de forte valor simbólico e diplomático,  e a realização da 6ª Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que mobilizou escolas e jovens em torno da educação climática. Esses episódios reforçaram a dimensão cultural e educativa da agenda ambiental, inserindo novos atores e temas no debate público.

O segundo pico, em 13 de outubro, representou o momento de maior repercussão da semana, com mais de 30 mil menções nas redes. O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Papa Francisco, durante o qual o líder religioso foi convidado oficialmente a participar da COP30, produziu forte impacto simbólico.

A combinação entre diplomacia, fé e meio ambiente projetou a conferência para além dos círculos técnicos e políticos, conectando-a a uma narrativa de justiça social e responsabilidade ética global. Essa interseção entre espiritualidade e sustentabilidade ampliou a visibilidade da COP30, sendo responsável pela melhoria dos indicadores dos sentimentos positivos observados.

Portanto, considerando o debate nacional, os principais de 08 a 14 de outubro foram: Entrevista do climatologista Carlos Nobre (11%), sobre os riscos da crise climática, Círio de Nazaré (10%), fortalecendo o simbolismo amazônico da conferência e capacidade de Belém para grandes eventos, Amazônia como capital simbólica do Brasil (8%), e Janja como porta-voz da COP30 (6%), tema que dividiu opiniões e gerou debates sobre representatividade.

Entre os dias 08 e 14 de outubro a agenda positiva da COP30 ganhou força. As menções positivas cresceram (foram de 21% na semana anterior para 26% agora) e passaram a se aproximar proporcionalmente das menções negativas (antes 26%, agora 28%), configurando um cenário de polarização mais equilibrada em termos de volume de postagens em cada polo. Essa variação indica a capacidade dos agentes públicos e especialistas em reapresentar a pauta para engajar a parcela da sociedade que atribui importância à COP30 e a sua potencialidade para debater o futuro climático.

Entre os tópicos positivos, destacam-se:

  • o encontro entre Lula e o Papa;
  • a aprovação da Amazônia como capital simbólica do país;
  • e a 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que trouxe tom educativo e participativo ao debate.

Por outro lado, as críticas continuam expressivas, especialmente sobre:

  • o papel de Janja como porta-voz da COP;
  • os preços de hospedagem em Belém;
  • indícios de corrupção;
  • e a percepção de que a crise climática avança mais rápido do que as respostas políticas.

Embora persistam tensões e desconfianças, a proporcionalidade entre menções positivas e negativas representa um ponto de inflexão importante: o debate nacional deixa de ser predominantemente neutro e crítico e passa a refletir maior engajamento e expectativa positiva com a chegada da conferência. Pelo menos é o termômetro demonstrado no atual monitoramento da Quaest.

Cenário internacional: entre expectativa e ceticismo

No exterior, o volume de menções cresceu e diversificou, com aumento de 9 pontos percentuais nas menções positivas, que agora representam 26% do total. Ainda assim, o tom segue majoritariamente informativo (44%) ou crítico (30%).

O debate internacional sobre a COP30 permanece marcado por percepções contrastantes, que oscilam entre ceticismo quanto aos desafios práticos e expectativas de avanços diplomáticos e ambientais.

Entre as menções negativas, prevalecem discussões de natureza crítica e pragmática, que refletem preocupações com a execução e o impacto real da conferência.

Os principais tópicos negativos incluem:

  • Preços elevados de hospedagem e infraestrutura em Belém, interpretados como possíveis entraves logísticos para um evento de alcance global;
  • Consequências do aquecimento global, frequentemente citadas como um lembrete das falhas acumuladas das conferências anteriores;
  • Emissões de carbono, destacadas em um tom de cobrança sobre a coerência entre discurso climático e ações efetivas.

Esses temas reforçam a percepção de que o ceticismo internacional não é apenas político, mas também técnico e operacional, centrado na dúvida sobre a capacidade da COP30 de converter compromissos em resultados tangíveis.

Por outro lado, as menções positivas revelam um campo discursivo mais esperançoso e propositivo, no qual a COP30 é vista como uma nova oportunidade de convergência global.

Entre os destaques estão:

  • A contagem regressiva para o evento, que alimenta a expectativa de acordos concretos;
  • O reflorestamento como símbolo de reconstrução ecológica e cooperação transnacional;
  • A crise climática, abordada sob a ótica de que é possível buscar negociações e soluções compartilhadas;
  • E a Agenda 2030, citada como referência para integrar metas ambientais, sociais e econômicas.

Tendências em transformação: a reação positiva no pré-COP30

O monitoramento das últimas semanas indica que o debate digital sobre a COP30 atravessa uma inflexão relevante. Após um período marcado por críticas à infraestrutura e questionamentos políticos, observa-se uma reação positiva crescente, que passa a se aproximar dos patamares do polo negativo, reduzindo a distância entre apoio e ceticismo nas redes.

Essa mudança sugere um amadurecimento discursivo da opinião pública, especialmente no Brasil, onde o reconhecimento à importância simbólica e diplomática da conferência começa a ganhar espaço sobre o tom de desconfiança predominante nas semanas iniciais.
Temas como legado ambiental, justiça climática e cooperação internacional ampliam o repertório da discussão, enquanto o olhar global se volta para a capacidade do evento de produzir resultados concretos e mobilizar compromissos efetivos.

Ainda assim, trata-se de uma tendência em formação, sujeita à oscilação conforme novos episódios políticos e diplomáticos entrem em cena.  A Quaest seguirá acompanhando semanalmente a evolução dessas percepções,  medindo como o debate público se reorganiza às vésperas da COP30 e quais narrativas se consolidam no equilíbrio entre esperança, crítica e expectativa global.

Metodologia

Entre 08 a 14 de outubro de 2025, a Quaest realizou o segundo monitoramento de opinião pública digital sobre a COP30, utilizando sua metodologia proprietária de Social Listening, uma tecnologia que identifica, classifica e analisa menções nas principais redes sociais e veículos de notícias on-line, no Brasil e no exterior. Essa abordagem permite mensurar a temperatura e o tom do debate público, revelando tendências, percepções e padrões de engajamento que ajudam a compreender como a conferência vem sendo discutida e interpretada na esfera digital.

O estudo foi conduzido pelas Diretorias de Sustentabilidade e Riscos e de Processamento, da Quaest e marca o início de uma série de monitoramentos semanais que acompanharão a evolução das narrativas, temas e atores em torno da COP30 até a realização do evento.

📊 Acesse o relatório completo aqui.

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