Quaest: desaprovação de Lula ultrapassa 60% em seis estados

Por Felipe Nunes
Publicado em 26 de fevereiro de 2025

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A nova pesquisa da Quaest, em parceria com a Genial Investimentos, mostra que a desaprovação de Lula ultrapassa 60% em seis estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Além disso, a aprovação do presidente sofreu uma queda significativa no Nordeste, com recuos de 19 pontos percentuais na Bahia e 16 pontos em Pernambuco. Pela primeira vez, a aprovação de Lula é superada numericamente pela desaprovação.

Desaprovação de Lula

A queda na aprovação de Lula ocorre em um contexto de percepção econômica negativa, apesar do crescimento de 3,5% no PIB em 2024, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Em todos os oito estados pesquisados, a maioria dos entrevistados acredita que a economia piorou. Em São Paulo, 62% compartilham essa visão, enquanto na Bahia, esse índice chega a 50%.

No entanto, a percepção de piora na economia não parece estar diretamente ligada ao desemprego. Os dados mostram uma alta correlação entre a taxa de desocupação real e a percepção da dificuldade em conseguir trabalho.

Em estados como o Rio de Janeiro e Bahia, onde a taxa de desocupação é mais elevada, um número maior de pessoas afirma que está difícil encontrar trabalho. Já no Paraná e Minas Gerais, onde o desemprego é menor, a sensação de dificuldade também é menos intensa.

Outro fator que pode explicar a desaprovação de Lula é a percepção generalizada do aumento no preço dos alimentos. Nos oito estados pesquisados, a sensação de alta nos preços é quase unânime. Em São Paulo, onde a inflação acumulada de alimentos chegou a 10% em 2024, e em Salvador, onde o índice foi menor (5,84%), a percepção é a mesma: 95% dos entrevistados afirmam que os preços dos alimentos subiram no último mês. 

Além das dificuldades econômicas, um outro fator que contribui para a reprovação de Lula é a percepção de que o país não está no caminho certo. Nos oito estados pesquisados, essa visão é predominante, indicando um sentimento de insegurança em relação ao futuro. Sem uma direção clara, a insatisfação da população cresce, alimentando a desaprovação do governo Lula e ampliando a sensação de estabilidade.

Como reflexo desse descontentamento, a grande maioria dos entrevistados nos oito estados pesquisados acredita que, nos próximos dois anos de mandato, Lula deveria adotar um caminho diferente do atual. Ou seja, há uma grande expectativa por mudanças, evidenciando que a forma como o governo vem sendo conduzido não atende às expectativas da população. 

Em seis estados, a rejeição de Lula supera a de Bolsonaro

A crescente desaprovação de Lula já se reflete diretamente em sua rejeição, que ultrapassa a de Jair Bolsonaro em seis dos oito estados pesquisados. Em São Paulo, por exemplo, 66% dos entrevistados rejeitam o atual presidente, um índice superior ao de Bolsonaro, que registra 53%. O mesmo ocorre em Minas Gerais, onde Lula venceu por uma margem apertada em 2022, mas agora enfrenta uma rejeição de 62%, contra 51% do ex-presidente.

O cenário se repete no Rio de Janeiro (58% x 49%), no Paraná (68% x 44%), no Rio Grande do Sul (61% x 51%) e em Goiás (67% x 41%). A única exceção está no Nordeste: na Bahia (39% x 60%) e em Pernambuco (40% x 56%), a rejeição a Bolsonaro ainda supera a de Lula.

Governadores cotados para 2026 têm alta aprovação em seus estados, mas são pouco conhecidos nacionalmente

Os governadores apontados como possíveis candidatos à presidência em 2026 possuem alta aprovação dentro de seus estados, mas ainda são pouco conhecidos nacionalmente. Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Júnior (PR) e Ronaldo Caiado (GO) apresentam baixos índices de rejeição entre seus eleitores, consolidando-se como figuras populares em suas regiões.

Já no cenário nacional, outros nomes aparecem com níveis de conhecimento e rejeição semelhantes, como Michele Bolsonaro, Pablo Marçal, Gusttavo Lima e Eduardo Bolsonaro. Entre eles, a ex-primeira dama Michele Bolsonaro desponta como a mais competitiva.

Alta rejeição não garante derrota eleitoral para Lula

Apesar do crescimento da desaprovação do governo Lula, o cenário eleitoral segue indefinido. Caso as eleições presidenciais fossem hoje, a rejeição ao governo não se traduziria automaticamente em uma derrota para Lula contra possíveis adversários como Jair Bolsonaro, Gusttavo Lima, Pablo Marçal, Romeu Zema ou Ronaldo Caiado.

Mesmo com o aumento da reprovação de Lula na Bahia e em Pernambuco, o atual presidente manteria a mesma vantagem com que venceu Bolsonaro em 2022: +33 pontos percentuais na Bahia e +26 pontos em Pernambuco. Já no Rio Grande do Sul e no Paraná, sua situação piorou em comparação com a última eleição, mas houve uma melhora significativa no Rio de Janeiro, equilibrando o cenário.

Em São Paulo, o quadro permanece praticamente idêntico ao de 2022, enquanto em Minas Gerais, a disputa aparece como um empate técnico com ligeira vantagem numérica para Bolsonaro. No entanto, essa oscilação ainda não pode ser considerada uma mudança consolidada, pois está dentro da margem de erro da pesquisa.

Tarcísio ampliaria vantagem sobre Lula em eventual 2º turno

Se os resultados de Bolsonaro em 2022 forem usados como referência, as simulações de um 2º turno entre Lula e Tarcísio de Freitas mostram um cenário diferente. Mesmo com um nível de desconhecimento ainda alto, Tarcísio já demonstra potencial para ampliar a vantagem que Bolsonaro teve sobre Lula na última eleição.

Em números de votos, Tarcísio aumentaria a diferença para Lula, principalmente devido à sua larga vantagem de 24 pontos percentuais em São Paulo, estado com o maior colégio eleitoral do país. Essa vantagem, no entanto, não seria compensada na Bahia, onde Lula continua vencendo por 34 pontos percentuais, a mesma margem registrada contra Bolsonaro em 2022.

Nos outros estados, Tarcísio não conseguiria reverter o cenário. Seu desempenho em Minas Gerais se mantém no mesmo nível do ex-presidente, mas ele aparece abaixo de Bolsonaro em Goiás, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro, mostrando que sua competitividade nacional ainda tem limitações.

São Paulo e Minas Gerais são decisivos para 2026

Até o momento, a rejeição ao governo Lula não se converteu em ganhos eleitorais expressivos para a maioria dos candidatos da oposição. No entanto, a vantagem significativa de Tarcísio em São Paulo pode ser o fator decisivo para reverter o resultado de 2022, caso o cenário nos outros estados permaneça inalterado.

A manutenção da diferença de votos em São Paulo e Minas Gerais será crucial para definir o desfecho da eleição de 2026. Se Tarcisio conseguir sustentar sua liderança no maior colégio eleitoral do país e equilibrar a disputa em Minas, ele poderia criar um caminho viável para o Planalto.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa da Quaest, em parceria com a Genial Investimentos, entrevistou 1.644 pessoas em São Paulo (margem de erro de 2 pontos percentuais), 1.482 em Minas Gerais, 1.400 no Rio de Janeiro e 1.400 no Rio Grande do Sul (margem de erro de 3 pontos percentuais em cada estado).

Foram ouvidas 1.200 pessoas na Bahia, 1.104 no Paraná, em Goiânia e em Pernambuco, cada (margem de erro de 3 pontos percentuais em cada estado).

📊 Para acessar os dados completos da pesquisa, baixe o relatório no site da Quaest clicando aqui.

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